Theatro Municipal
28/08/2025 • 20h
[ Theatro Municipal – Salão Nobre ]
Mais do que celebrar as relações entre Brasil e França, este programa oferece um panorama da música coral francesa ao longo de pouco mais de cem anos. Do ocaso do Romantismo à chegada do Modernismo, e da esperança no século XX, passando pelas incertezas e destruição das Grandes Guerras, as ilusões, tensões, frustrações e tentativas de ressignificação do mundo se refletem na produção musical desse período.
Jean-Yves Daniel-Lesur (1908-2002) foi um dos fundadores, em 1936, do grupo La Jeune France, cujo objetivo principal era escrever uma música mais humana, próxima do público e menos abstrata. Le Jardin Clos integra Cantique des Cantiques (1952), principal obra do compositor.
Embora tenha falecido muito jovem, Lili Boulanger (1893-1918) deixou importante contribuição como compositora. Sous Bois (1911), para coro misto e piano, sugere uma atmosfera naïf e nostálgica, que contrasta com as tensões políticas e sociais que se evidenciavam no período e que conduziriam o mundo à Primeira Guerra Mundial.
Aluno de Nadia Boulanger, irmã de Lili, Jean Françaix (1912-1997) escreveu obras equilibradas, claras, bemhumoradas e, por vezes, satíricas. Em Trois Poèmes de Paul Valéry (1982), Françaix evidencia as aliterações, assonâncias e todos os ricos detalhes dos textos do poeta, ao mesmo tempo que mantém o seu estilo composicional.
Em Choeur des Elfes (1899), Pauline Viardot (1821-1910) mostra sua faceta menos conhecida: a de compositora. Cantora e pianista de ascendência espanhola, Viardot nasceu em uma família de músicos – sua irmã, Maria Malibran, é uma das maiores divas da história da ópera. Viardot enfrentou corajosamente os ditames da época, mantendo sua atividade como musicista após o casamento.
A obra de Claude Debussy (1862-1918), que inaugurou a música moderna nos últimos anos do século XIX, é apresentada em dois momentos: Trois Chansons de Charles d’Orléans (1898), sua única composição para coro a cappella, mostra o compositor já em sua fase modernista; e a versão para coro de Beau Soir (1891), canção contemplativa sobre poema de Paul Bourget, traz um Debussy que ainda caminhava em direção ao século XX.
Francis Poulenc (1899-1963), integrante do Les Six – importante movimento da vanguarda francesa no entreguerras –, constitui em Sept Chansons (1936) sua maior obra para coro misto e uma das mais importantes de sua produção.
Nessa série, o compositor resgata elementos da escrita de Léonin, Pérotin, Machaut, Josquin des Prez e Monteverdi combinados a técnicas de composição observadas em Debussy, Ravel e Stravinsky.
Obra mais antiga do programa, Les Djinns (1876) é uma das poucas composições corais escritas por Gabriel Fauré (1845-1924) a partir de texto profano. Foi Fauré, aliás, quem realizou a transição do século XIX para o XX na música francesa, abrindo caminho para os modernistas Debussy, Ravel, Poulenc e todos aqueles que os sucederam.
CORAL PAULISTANO
Maíra Ferreira, regência
Programa
JEAN-YVES DANIEL-LESUR
Le jardin clos (5’)
LILI BOULANGER
Sous Bois (6’)
JEAN FRANÇAIX
Trois poèmes de Paul Valéry (8’)
I. Aurore
II. Cantique des colonnes
III. Le Sylphe
PAULINE VIARDOT
Choeur des Elfes (5’)
CLAUDE DEBUSSY
Trois chansons de Charles d’Orléans (6’)
Beau Soir (3’)
FRANCIS POULENC
Sept chansons (8’)
I. La blanche neige
II. A peine défigurée
V. Belle et ressemblante
VI. Marie
GABRIEL FAURÉ
Les Djinns (5’)
Duração aproximada 50 minutos
Classificação livre para todos os públicos
Ingressos R$35,00 (inteira)
Antes de participar deste concerto, conheça os protocolos recomendados disponíveis no Manual do Espectador (acesse aqui).
Programação sujeita a alteração