Praça das Artes
13/11/2025 • 20h
[ Praça das Artes – Sala do Conservatório ]
A obra de Almeida Prado (1943-2010), um dos mais importantes e prolíficos compositores brasileiros, é marcada por uma profunda religiosidade católica. Centrada no piano (que ele tocava eximiamente) e na orquestra, sua produção inclui tanto obras sacras quanto outras livremente inspiradas em elementos da tradição judaico-cristã. A fé do compositor se materializava para ele em visões místicas que teve em diversos momentos da vida, e que foram a força motriz para que escrevesse muitas de suas peças.
Na juventude, Almeida Prado foi aluno de Osvaldo Lacerda e Camargo Guarnieri. Depois, partiu para Paris para estudar com Nadia Boulanger e Olivier Messiaen, compositor com o qual sua obra traça grande paralelo, tanto esteticamente como pela conexão devocional. Prado lecionou por muitos anos na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde os alunos se amontoavam para assistir suas aulas.
Entre 1989-1990, Almeida Prado residiu em Jerusalém, Israel, como professor visitante da Academia Rubin de Música e Dança. A experiência o marcou profundamente, transformando e intensificando sua fé e inspirando a criação de novas obras, conectadas a um imaginário sobre a cidade e a cultura local na época de Jesus. Nesse período, o compositor teve também visões místicas de parentes queridos que já haviam partido, e isso o levou a compor uma peça absolutamente não usual: o Réquiem Sem Palavras para quarteto de cordas.
Quando pensamos em um réquiem musical, imaginamos uma peça vocal escrita para grandes forças corais e orquestrais – como são as obras desse gênero, por exemplo, de Mozart, Verdi, Brahms ou Fauré. Nesse tipo de missa, tradicionalmente utilizada para homenagear um finado, a compreensibilidade do texto e a ilustração musical do sentido das palavras é particularmente importante. Almeida Prado propõe, então, um duplo desafio: seu réquiem é uma reza íntima para formação camerística, e nela os instrumentos devem “falar” os textos litúrgicos – não só utilizados aqui de forma integral em latim, mas acrescidos de um pai-nosso adicional.
Composto em 1989, o Réquiem Sem Palavras ficou guardado na gaveta até 2006, quando Marcelo Jaffé, violista do Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo, soube de sua existência em um encontro com Almeida Prado na Rádio Cultura. O Quarteto encampou então a tarefa de produzir as partes da obra e estreá-la, recebendo a dedicatória do compositor. Ainda não gravada, a peça foi tocada poucas vezes, sendo esta uma oportunidade particular de ouvi-la.
QUARTETO DE CORDAS DA CIDADE DE SÃO PAULO
Betina Stegmann e Nelson Rios, violinos
Marcelo Jaffé, viola
Rafael Cesario, violoncelo
Programa
ALMEIDA PRADO
Quarteto de Cordas nº2, “Réquiem sem palavras”
Classificação livre para todos os públicos
Duração aproximada 60 minutos
Ingressos R$35,00 (inteira)
Antes de participar deste concerto, conheça os protocolos recomendados disponíveis no Manual do Espectador (acesse aqui).
Programação sujeita a alteração