Coro Lírico Municipal de São Paulo. Foto: Heloísa Ballarini
Com direção musical de Mário Zaccaro, regência dos maestros Alessandro Sangiorgi e Sergio
Wernec e concepção e direção artística de Nelson Baskerville, grupo do Theatro Municipal
apresenta montagem cênica em estrutura operística com excertos de óperas e missas, além de
composição inédita do maestro Zaccaro; Coro Lírico e o Theatro são os protagonistas
O Coro Lírico Municipal de São Paulo celebra seus 80 anos de atividades com o espetáculo Ensaio sobre o Lírico, com direção musical de Mário Zaccaro, regência dos maestros Alessandro Sangiorgi e Sergio Wernec, em participação especial, e concepção e direção artística de Nelson Baskerville. O grupo se apresenta nos dias 23, 24 e 25 de agosto, sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 18h, revisitando grandes momentos de seu repertório. Os ingressos custam até R$ 40 (inteira). A Orquestra Sinfônica Municipal, sob direção de seu maestro assistente Alessandro Sangiorgi, acompanha o grupo.
O diretor teatral Nelson Baskerville concebeu a montagem de forma a render uma homenagem ao Coro e ao Theatro, levando ao palco do Municipal os 88 integrantes do grupo como protagonistas de uma ópera. Eles vão interpretar árias, trechos de missas e de um musical que marcaram a história do Coro Lírico.
À frente da Direção Artística do Theatro Municipal, Hugo Possolo vem trabalhando uma programação que represente diversidade cultural e ampliando a pertencimento do cidadão ao Theatro. Possolo convidou Nelson Baskerville para dirigir um espetáculo de celebração com uma linguagem contemporânea e destaca “o título do espetáculo tem quádruplo sentido:
ensaio como preparação artística e ao mesmo tempo ensaio como um estudo aprofundado e ainda lírico como o Corpo Artístico Coro Lírico e lírico com o sentido de lirismo na dimensão poética da obra”.
Entre os excertos de obras que serão apresentadas estão Macbeth e Requiem, de Verdi; Bachianas Brasileiras n. 4, de Villa-Lobos; Carmina Burana, de Carl Orff; Requiem, de Mozart; Tannhäuser, de Wagner; Thaïs, de Massenet; Cavalleria Rusticana e Iris, de Pietro Mascagni; Climb every Mountain, de Richard Rodgers e Oscar Hammerstein; além de Madama Butterfly e
Turandot, de Puccini, sendo esta última a derradeira ópera composta pelo músico e cuja montagem de 1939 do Municipal motivou a criação deste corpo estável.
“Para os 80 anos do Coro Lírico, realizaremos o que há de melhor no repertório lírico sinfônico”, destaca o maestro e diretor musical Mário Zaccaro. O público também poderá conferir a première de A Passagem, composição inédita de Zaccaro. As obras, através dos arranjos de Mário Zaccaro, serão alinhavadas no espetáculo de forma a parecer uma única obra.
Sobre a montagem
Baskerville propõe uma estrutura revelada com caixa cênica aberta, descortinada, que permitirá ao público já no início acompanhar a entrada dos músicos no palco, o aquecimento vocal, o deslocamento dos técnicos de som, o vai-e-vem das camareiras e contrarregras em cena. Tudo isso para que a plateia tenha a experiência de vivenciar o processo de ensaio
“assistindo ao avesso do que costuma ser revelado”, destaca o diretor, que partiu da ideia de desvelar os bastidores do teatro.
Serão incorporados ao espetáculo fragmentos cenográficos de algumas das óperas que fizeram parte da temporada lírica do Theatro Municipal ao longo desses 80 anos. Boa parte desses elementos estão guardados na Central Técnica de Produções Artísticas Chico Giacchieri e agora retornam ao palco. O recurso audiovisual reforçará o protagonismo dos músicos: “Através da captação ao vivo de imagens na sala, estão previstos closes dos coralistas, evidenciando as individualidades e a diversidade que compõem o grupo. O Theatro Municipal, a casa do Coro, é o segundo protagonista de Ensaio sobre o Lírico”, completa Nelson.
Excepcionalmente para este espetáculo, o Coro Lírico deixa de lado o figurino padrão dos concertos corais, que são os trajes preto, para adotar roupas do cotidiano que irão se transformando com as trocas feitas durante o espetáculo. A convite do Theatro Municipal, o diretor da Cia. Silenciosas, grupo de improviso cênico, Diogo Granato, fará um trabalho de
preparação corporal com os coralistas.
Os ingressos para Ensaio sobre o Lírico estão à venda na bilheteria do Theatro Municipal ou pela internet theatromunicipal.org.br.
Coro Lírico Municipal: 80 anos em números
Uma Comissão de Cantores da atual formação em parceria com a Gerência do corpo artístico mergulhou nos arquivos do Centro de Documentação e Memória da Fundação Theatro Municipal de São Paulo, do Diário Oficial do Município de São Paulo e nos programas das Temporadas, e elaborou um importante documento com o histórico desta trajetória, que
compreende de 1939 a 2019. E alguns números chamam a atenção:
432 cantores no total, incluindo os 88 integrantes da atual formação, passaram pelo Coro Lírico.
111 títulos de ópera montadas no Theatro Municipal com a participação do Coro.
4.500 espetáculos musicais aproximadamente foram realizados, mais da metade deste número dedicado à ópera.
750 espetáculos em 774 apresentações das Vesperais Líricas, de 1980 a 2011.
1400 apresentações aproximadamente pelas séries gratuitas ou populares, entre concertos didáticos, matinais, para a juventude, para a formação de plateia.
Fundado em 1939 pelo então maestro Armando Belardi, também diretor artístico do Theatro Municipal à época (1938 a 1945), em caráter estável, teve como primeiro regente titular Fidelio Finzi. A estreia do Coro Lírico ocorreu no dia 13 de junho de 1939, na ópera Turandot, de Puccini.
Formado por cantores que se apresentam regularmente como solistas nos principais teatros do país, o Coro Lírico Municipal atua de forma regular em concertos corais sinfônicos e óperas do repertório italiano, francês, alemão, russo, tcheco, espanhol e português brasileiro. Sua formação de 88 cantores pode se subdividir em até oito naipes, das vozes primeiro e segundo
soprano, mezzo soprano, contralto, primeiro e segundo tenor, barítono e baixo.
Nomes importantes passaram pelo Coro Lírico como o barítono Paulo Szot, que integrou o corpo artístico de 1996 a 1999, antes de se lançar em carreira solo e tornar-se um astro internacional da ópera e de musicais da Broadway – Szot já venceu o prêmio Tony Award, o Oscar da Broadway, e foi o primeiro cantor brasileiro a se apresentar no Metropolitan Opera House, de Nova York, em 2010.
Nesta trajetória de 80 anos, o Coro Lírico trabalhou em grandes temporadas, sob a regência de renomados maestros brasileiros e internacionais, e sob a direção cênica de importantes profissionais do cenário operístico. Participou em montagens de óperas, a sua principal identidade artística, em concertos com a Orquestra Sinfônica Municipal, com o Balé da Cidade e em apresentações próprias, como em música de câmara e em projetos sociais, atingindo milhares de espectadores.
Em 1947, Sisto Mechetti assumiu o posto de maestro titular, e somente em 1951 o coro foi oficializado, sendo dirigido posteriormente por Tullio Serafin, Olivero De Fabritis, Eleazar de Carvalho, Armando Belardi, Francisco Mignone, Roberto Schnorremberg, Marcello Mechetti, Fábio Mechetti e Bruno Greco Facio.
O maestro Mário Zaccaro assumiu a direção musical em 1994 e permaneceu até 2013, reassumindo a função em 2017. Mas sua relação com o corpo artístico é ainda anterior, data de 1977, ano em que ingressou no Coro Lírico. Sob sua batuta, o grupo foi agraciado com alguns prêmios, como o de Melhor Conjunto Coral pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte), em 1996; e o Carlos Gomes na categoria Ópera, da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, em 1997.
Embora a sua Casa seja o Theatro Municipal de São Paulo, o Coro se apresentou em muitos locais, tais como a Sala São Paulo, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro e o Palácio das Artes, de Belo Horizonte.
A sua importância também está no alcance de projetos de formação de plateia e acesso à música erudita. Os “Concertos Didáticos”, junto à Orquestra Sinfônica Municipal, aconteceram durante 15 anos (1996 a 2010), na sala principal do Theatro e na Sala Olido, levando ao Theatro mais de 150 mil crianças e espectadores das periferias de São Paulo, com o propósito
de ampliar o acesso à música erudita.
As “Vesperais Líricas” formaram outro projeto bastante relevante na produção do Coro Lírico, que se constituíam em apresentações semanais resumidas ou integrais de diversos títulos de ópera, encenadas ou em forma de concerto, com os cantores do Coro, no Salão Nobre e no hall do Theatro Municipal, na Sala Olido, e no Teatro João Caetano (SP), de amplo acesso da população, a fim de formar público e difundir a produção do Theatro Municipal.
Grandes nomes da cênica lírica mundial dividiram o palco com o Coro Lírico, como Beniamino Gigli, Mario del Monaco, Bidu Sayão, Renata Tebaldi, Maria Callas, Tito Schipa, Zinka Milanov, Agnes Ayres, Gino Bechi, Fedora Barbieri, Tito Gobbi, Paulo Fortes, Virginia Zeani, Renato Bruson, Giuseppe Di Stefano, dentre muitos outros.
Programa:
Giacomo Puccini: Turandot
Perchè tarda la luna?
Diecimila anni al nostro Imperatore! O Sole! Vita! Eternità!
Heitor Villa-Lobos: Bachianas Brasileiras nº4
Richard Wagner: Tannhäuser
Beglückt darf nun dich, o Heimat (Coro dos Peregrinos)
Giuseppe Verdi: Macbeth
Che faceste? Dite su! (coro feminino)
Giuseppe Verdi: Requiem
Dies Irae
Wolfgang A. Mozart: Requiem
Lacrimosa
Jules Massenet: Thaïs
Méditation
Carl Orff: Carmina Burana
O Fortuna
Mário Zaccaro: A Passagem
Georges Bizet: Carmen
Abertura
Les voici!
Giacomo Puccini: Madama Butterfly
Coro a bocca chiusa
Pietro Mascagni: Cavalleria Rusticana
Intermezzo (3’30”)
Regina coeli… Inneggiamo, il Signor non è morto!
Giuseppe Verdi: La Traviata
Noi siamo zingarelle! Di Madride noi siam Mattadori!
Oscar Hammerstein e Richard Rodgers: Climb every mountain
Giuseppe Verdi: Nabucco
Va, pensiero (Coro dos escravos hebreus)
Pietro Mascagni: Iris
Inno del sole
Serviço:
Ensaio sobre o Lírico
Espetáculo Comemorativo aos 80 anos do Coro Lírico Municipal
Coro Lírico Municipal
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
Mário Zaccaro, direção musical
Alessandro Sangiorgi, regência
Nelson Baskerville, concepção e direção cênica
Agosto
Sexta-feira, 23, às 20h
Sábado, 24, às 20h
Domingo, 25, às 18h
Local: Sala de Espetáculos, Theatro Municipal de São Paulo
Endereço: Praça Ramos de Azevedo, s/nº
Ingressos: R$ 40 | R$ 30 | R$ 12
Vendas: pelo site theatromunicipal.org.br ou na bilheteria do Theatro Municipal.
Horário de funcionamento da bilheteria: de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, e sábados e
domingos, das 10h às 17h.
Formas de pagamento: Dinheiro e Cartões de Débito e Crédito
Duração aproximada: 1 hora e 20 minutos
Classificação indicativa: livre
Capacidade: 1.523 lugares
Acessibilidade: Sim