Coral Paulistano| Foto: Fabiana Stig
Em concerto cênico que integra o projeto Novos Modernistas, grupo mescla repertório com obras de importantes compositores, como Bach, Brahms, Mendelssohn e Stravinsky, no dia 24 de novembro; direção cênica é do cineasta Otavio Juliano
A derrubada do maior símbolo da Guerra Fria completa 30 anos em novembro, e o Coral Paulistano, corpo artístico do Theatro Municipal de São Paulo, relembra o fato histórico que reunificou a capital alemã em A Queda do Muro de Berlim – 30 Anos. O espetáculo terá projeção de imagens da época e de situações semelhantes e muito atuais, como o muro na fronteira dos EUA com o México e a imigração de africanos que chegam à Europa em embarcações clandestinas e são proibidos de entrar no velho continente. Atores narram a história.
A apresentação única acontece em 24 de novembro, ao meio-dia, na Sala de Espetáculos. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) para todos os setores e serão vendidos pelo site do Theatro Municipal (www.theatromunicipal.org.br) ou na bilheteria do prédio histórico.
A direção cênica é de Otavio Juliano e o design e criação de vídeo de Luciana Ferraz, cineastas com trabalhos na televisão, no teatro e em espetáculos audiovisuais. A regência é de Naomi Munakata, maestrina titular do Coral Paulistano.
O repertório simboliza o conflito entre os EUA e a antiga União Soviética, protagonistas da Guerra Fria. “A escolha dos compositores passa por importantes nomes da música destes dois países, da Alemanha, e ainda traz um autor austríaco e outro escandinavo. Do mais tradicional ao moderno”, destaca Naomi. O Coro a cappella interpreta peças de Bach, Mendelssohn e Stravinsky, passando por Charles Ives, Josef Rheinberger, Samuel Barber, Arnold Schönberg e Max Reger, chegando até aos mais atuais, como o norueguês Knut Nystedt e o contemporâneo estadunidense Eric Whitacre. E em uma obra de Brahms o Coro é acompanhado por piano.
A Queda do Muro de Berlim destaca o feito da Alemanha trinta anos atrás, mas recorda que o cenário global piorou e as barreiras da intolerância continuam sendo construídas. Em 1989, havia cerca de 15 muros separando as nações. Hoje são quase 80 espalhados por diferentes partes dividindo territórios, religiões, raças e os ricos dos pobres.
Constituídos de aço, concreto, arame farpado e intolerância, em pleno século 21 ainda são perceptíveis. As projeções seguem esse roteiro e retratam situações vividas pelas populações da Europa ao Oriente Médio, da América do Norte ao eixo sul-americano. Uma mescla de montagens com várias imagens de muros pichados e ilustrações dos próprios artistas, Otavio e Luciana, estarão em sintonia com a música. O diretor cênico destaca que o espetáculo almeja, com imagens projetadas, “buscar a reflexão acerca dos muros que nos separam e celebrar a mensagem de união emanada com a queda do Muro de Berlim”, diz Otavio.
Criado há mais de 80 anos por iniciativa do escritor Mário de Andrade, o Coral Paulistano mantém suas inspirações no Modernismo, reafirmado neste projeto para os Novos Modernistas. Lançado no início do ano pela Secretaria Municipal de Cultura em conjunto com o Theatro Municipal de São Paulo, o projeto tem como proposta trazer espetáculos que promovam o encontro de linguagens artísticas e a convivência das diferenças.
Com o objetivo de despertar o sentimento de pertencimento e multiculturalismo nas pessoas, a iniciativa dá início às comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna, que teve o Municipal como palco em 1922. A própria história do Coral está muito ligada ao movimento e representa um dos importantes desdobramentos da Semana.
Novos Modernistas
Lançado em maio deste ano pela Secretaria Municipal de Cultura, a ação, capitaneada pelo diretor artístico do Municipal, Hugo Possolo, inicia as comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna, que teve o Municipal como sede em 1922, e tem como objetivo convocar e provocar o debate sobre as novas vanguardas da cidade de São Paulo. Por meio de apresentações de temática contemporânea, esses espetáculos, cada um à sua maneira, derrubam muros e expandem territórios.
Serviço:
24/11, Domingo | 12h
NOVOS MODERNISTAS
Coral Paulistano apresenta ‘A Queda do Muro de Berlim’
Naomi Munakata, regência
Otavio Juliano, direção cênica
Luciana Ferraz, design e criação de vídeo
Rosana Civile, piano
Local: Sala de Espetáculos – Theatro Municipal de São Paulo
Endereço: Praça Ramos De Azevedo, s/nº
Duração aproximada: 60 minutos, sem intervalo
Classificação indicativa: sugerido para maiores de 10 anos
Ingressos: R$ 20,00
Capacidade: 1523 lugares
Vendas: pelo site theatromunicipal.org.br ou pela bilheteria.
Horário da Bilheteria do Theatro Municipal: De segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, e sábados e domingos, das 10h às 17h.
Programa
Coro a cappella
JOHANN S. BACH Der Geist Hilft Unser Schwachheit Auf, BWV 226
FELIX MENDELSSOHN Canções, Op. 59
Coro com piano
JOHANNES BRAHMS Quartette, Op.92
Coro a cappella
JOSEF G. RHEINBERGER Abendlied
MAX REGER Nachtlied
KNUT NYSTEDT Immortal Bach (baseada no ‘Komm, Süsser Tod’, de Johann Sebastian Bach)
CHARLES IVES Psalm 67
IGOR STRAVINSKY Pater Noster
ERIC WHITACRE Sleep
ARNOLD SCHÖNBERG Friede auf Erden
SAMUEL BARBER Agnus Dei
*Programação sujeita a alterações.
Coral Paulistano
Com a proposta de levar a música brasileira ao Theatro Municipal de São Paulo, em 1936, por iniciativa de Mário de Andrade, foi criado o Coral Paulistano. O então diretor do Departamento Municipal de Cultura queria mostrar à elite paulistana a importância do movimento nacionalista que contagiava os compositores brasileiros da época e que era até então desconhecida.Marco da história da música em São Paulo, o grupo foi um dos muitos desdobramentos do movimento modernista da Semana de Arte Moderna de 1922. Em 2013, o Coral foi novamente fortalecido e revalorizado. Com uma programação extensa de apresentações de música brasileira erudita em diferentes espaços da cidade, renovou seu fôlego e retomou suas atividades resgatando sua autenticidade. Atualmente o Coral Paulistano tem como regente titular a maestrina Naomi Munakata, e a maestrina Maíra Ferreira como regente assistente.
Naomi Munakata – Maestrina Titular do Coral Paulistano
Iniciou os estudos musicais ao piano aos 4 anos e começou a cantar aos 7, no coral regido por seu pai, Motoi Munakata. Formou-se em Composição e Regência em 1978, pela Faculdade de Música do Instituto Musical de São Paulo, na classe de Roberto Schnorrenberg. A vocação para a regência começou a ser trabalhada em 1973. Anos depois, essa opção lhe valeria o prêmio de Melhor Regente Coral, pela Associação Paulista dos Críticos de Arte. Estudou ainda regência, análise e contraponto com Hans-Joachim Koellreutter e viajou à Suécia para estudar com o maestro Eric Ericson. Aperfeiçoou-se em regência na Universidade de Tóquio. Foi regente do Coral Sinfônico do Estado de SP de 1995 a 2000 (ULM) e do Coro da Osesp de 2001 a 2015. Atualmente é a regente titular do Coral Paulistano.
Maíra Ferreira – Maestrina assistente do Coral Paulistano
É bacharel em regência e em piano pela UNICAMP e possui mestrado em regência pela universidade Butler em Indianápolis (EUA), sob orientação do maestro Henry Leck. Atualmente, é regente do Coro Adulto da Escola Municipal de Música e do Coral Avançado do Instituto Baccarelli. Entre 2013 e 2015, foi pianista correpetidora do Butler Chorale e Butler Opera Theater, regidos por Eric Stark, além de atuar como regente assistente do Butler University Choir. Especializada em coros infantojuvenis, atuou também no Indianápolis Children’s Choir, grupo com grande destaque no cenário coral mundial.
Otavio Juliano
Diretor , produtor e roteirista, iniciou sua carreira no teatro. Mudou-se para Los Angeles onde formou-se em Direção para Cinema e TV pela renomada University of California, Los Angeles (UCLA). Em 2000 fundou a InterFace Filmes com a cineasta Luciana Ferraz. Em Los Angeles produziram e dirigiram documentários, music videos e filmes. Em 2008 trouxe a InterFace Filmes para o Brasil. Em 2009 escreveu e dirigiu o premiado documentário A Árvore da Música. Por esse trabalho recebeu o primeiro Annual Polly Krakora Award for Artistry in Film em Washington nos Estados Unidos. Selecionado por mais de 20 festivais internacionais, recebeu prêmios no Brasil, em Portugal e nos Estados Unidos.
Ao lado de Luciana Ferraz, criou o design audiovisual dos musicais Evita, O Mágico de Oz, Alô Dolly!, Mulheres a Beira de um Ataque de nervos, Chaplin, o Musical, Memórias de um Gigolô e mais recentemente Cantando na Chuva. Para a TV, escreveu e dirigiu as séries Canções do Exílio, com Sérgio Britto (Titãs), Fause Haten na Fashion TV. Ele também assina o longa metragem Sepultura Endurance sobre a banda brasileira Sepultura. Dirigiu o espetáculo Doze Flores Amarelas, a Ópera Rock dos Titãs com Hugo Possolo e também o DVD, lançado no final de 2018 pela Universal Music.