Celebrar os 50 anos do Stagium extrapola o sentido de comemoração, sua visão de mundo marcou tão profundamente a arte brasileira que, como um divisor de eras, separou a história em antes e depois. Brindemos pela beleza e consciência que o Stagium continua semeando, fundamental para nos reconhecermos como território existencial.
MEMÓRIA
Trazer a memória de um processo significa entrar em contato com a natureza do tempo, num trânsito constante entre a experiência vivida e as percepções que se criam em torno dela. Apresentar instantes da memória do Ballet Stagium neste momento implica em encontrar possibilidades que tornem este processo coletivamente consciente.
“FLUORESCÊNCIA”
Com concepção coreográfica de Décio Otero e direção teatral de Marika Gidali, “Florescência” tem como matéria substancial o nosso tempo/espaço presente. O colapso que vivenciamos é a demonstração evidente do fato de que o imprevisto sempre muda as perspectivas do inevitável. Nunca nos sentimos tão distantes e ao mesmo tempo tão unidos, e por outro lado, nunca nos sentimos tão distintos e ao mesmo tempo tão semelhantes. Diante desta visão, o Ballet Stagium novamente se posiciona perante
este momento de escolhas e de ações.
A palavra fluorescência advém do vocabulário da física, sendo a propriedade que certos corpos possuem de emitir luz quando expostas a radiações. “Fluorescência” estará propondo um dialogo entre vários pontos de vista, escapando assim do juízo e da ilusão de qualquer tipo de Verdade Última, unificadora ou absoluta.
Na grande ciranda de “Fluorescência”, os passos e contra/tempos de Maria Betânia, Luckas Foss, João Apolinário, John Cage e Oswaldo Mendes estarão revolvendo e redesenhando o presente, pois é nele que repousa exclusivamente a nossa existência, nos comprometendo a uma viva experiência de Liberdade.