Praça das Artes
20/02/2025 • 20h
[ Praça das Artes – Sala do Conservatório ]
A primeira apresentação da série que celebra os 90 anos de existência do Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo não poderia ilustrar melhor a gênese e a vocação desse corpo artístico: unindo clássico e popular, e com obras dedicadas ao Quarteto, o programa reverencia os ideais estéticos de Mário de Andrade, responsável pela criação do grupo em 1935, e sua missão de fomentar a produção brasileira para essa formação. Por diferentes ângulos, as peças dialogam com o Movimento Armorial, corrente liderada por Ariano Suassuna que, a partir dos anos 1970, buscava produzir uma nova arte brasileira inspirada nas raízes da cultura do Nordeste. De Hercules Gomes, pianista e compositor capixaba radicado em São Paulo, o Quarteto interpretará Cantiga, Baião e Frevo, obra a ele dedicada. Hercules tem se destacado na nova geração pelo resgate da produção de compositores e compositoras da época de Chiquinha Gonzaga, que transitavam nesse caldeirão de elementos que hoje nomeamos como eruditos ou populares, mas que sempre se amalgamaram. Aqui, ele homenageia o Movimento Armorial em uma obra composta especialmente para o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo por ocasião de um concerto em colaboração do pianista com o grupo, em 2021.
Clóvis Pereira (1932-2024) foi membro ativo do Movimento Armorial e estudou com ninguém menos que Guerra-Peixe. Compositor, arranjador, pesquisador e maestro natural de Caruaru, ele foi um ícone importante nesse terreno fértil que une a música clássica à popular na tradição brasileira – tendo sido uma grande perda recente. Em 2004, Clóvis assistiu a uma apresentação do Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo em Recife e, encantado com a sonoridade do grupo, o presenteou no ano seguinte com o Quarteto Nordestinados. César Guerra-Peixe (1914-1993) era carioca, mas seus estudos da música popular, especialmente a nordestina, fizeram com que sua obra servisse de grande inspiração para a criação da estética armorial. Seu Quarteto de Cordas nº 2 foi escrito em 1958, pouco depois de chegar a São Paulo vindo de uma temporada em Recife, onde pesquisou tradições populares regionais. A peça marca o abandono do compositor de técnicas internacionais, em especial o dodecafonismo, que ele aprendera com o mestre Koellreutter e praticara como membro ativo do movimento Música Viva, em favor da estética nacionalista que caracterizaria toda sua produção subsequente.
QUARTETO DE CORDAS DA CIDADE DE SÃO PAULO
Betina Stegmann e Nelson Rios, violinos
Marcelo Jaffé, viola
Rafael Cesario, violoncelo
Programa
HERCULES GOMES
Cantiga, Baião, Frevo (dedicado ao Quarteto)
CLÓVIS PEREIRA
Quarteto Nordestinados (dedicado ao Quarteto)
CÉSAR GUERRA-PEIXE
Quarteto nº 2 (dedicado ao Quarteto)
Classificação livre para todos os públicos
Duração aproximada 60 minutos
Ingressos R$35,00 (inteira)
Antes de participar deste concerto, conheça os protocolos recomendados disponíveis no Manual do Espectador (acesse aqui).
Programação sujeita a alteração