[ Theatro Municipal – Salão Nobre ]

É necessário uso do neologismo para definir em um verbo este concerto, ao qual podemos chamar de “sankofear”, com base no sentido de Sankofa, da ave que voa olhando para trás, sem se perder do passado para construir futuro. Do bairro paulistano da Penha, Roberto Casemiro foi ao mundo, voou como o pássaro africano, levando a cultura negra brasileira para o mundo: retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro. Dileto filho de Ogum, esteve sempre à frente. Foi o primeiro maestro negro do Theatro Municipal de São Paulo, como regente do Coro Paulistano e cantando junto ao coro lírico, como baixo, instituição em que se aposentou. Casemiro ostentava, como soberano de um reinado do continente africano, as suas vestes tradicionais, indumentárias e adereços que ressaltavam sua identidade afro-diaspórica, como se dele fossem uma segunda pele. Exaltar musicalmente a trajetória do maestro militante, ativista do movimento negro nacional, Roberto Expedito Casemiro, é imergir no universo, ritmado, por vezes festivo, outras quase melancólico, sempre ancestral das canções afro- brasileiras. Em justa contraposição, Quizomba (Francisco Mignone) e Funeral dum Rei Nagô (Hekel Tavares), com passagens pelo negro spiritual Deep River, rio profundo, como um além mar transatlântico, que nos levará ao canto dos terreiros, de Ogun a Ọya, do amor em dueto dos personagens Porgy e Bess e como uma assunção à ancestralidade a partir do Intermezzo da ópera Cavalleria Rusticana. Uma ode ao maestro desbravador em batuques e melodias, com um elenco especial de cantores e cantoras negras, como o barítono Davi Marcondes, a soprano Edna d’Oliveira, a mezzo-soprano Juliana Taino, o baixo Anderson Barbosa, o tenor Mar de Oliveira e Marcos Aragoni, ao piano.

Felipe Brito, direção artística
Edna d’Oliveira, soprano
Juliana Taimo, mezzo soprano
Mar Oliveira, tenor
Davi Marcondes, barítono
Anderson Barbosa, baixo
Marcos Aragoni, piano
A ser anunciada, percussão

Programa

DOMÍNIO PÚBLICO

Cântigo de Ogun (3’)

Tradicional Iorubá

 

ENOCH SONTONGA

Nkosi Sikelele’iAfrika “Deus abençoe a África” (3’)

Hino Nacional de Libertação da África do Sul 

Letra: Samuel Mqhayi

 

HEKEL TAVARES

Oração ao Guerreiro (4’11’’)

Letra: Murilo Araújo

 

HEKEL TAVARES

Leilão (Scenas Coloniaes 1870) (3’10’)

Letra: Joracy Camargo

 

HARRY BURLEIGH

Deep River (4’)

Canção Tradicional Afro Americana

arr. Harry Burleigh

 

HEKEL TAVARES

Banzo (3’20’’)

Letra: Murilo Araújo

 

FRANCISCO MIGNONE

Quizomba (3’)

Extraído do bailado “Maracatú do Chico-Rei”

 

MARLOS NOBRE

Ciclo Beira Mar (8’)

1. Estrela do Mar
2. Iemanjá Ôtô

III. Ogum de Lê

Textos do Folclore da Bahia

 

GEORGE GERSHWIN

Bess, you is my woman now (5’30’’)

Dueto da ópera “Porgy and Bess”

Libreto: Ira Gershwin (1896-1983) e DuBose Heyward (1885-1940)

 

WALDEMAR HENRIQUE

Abá-Logum (3’20’’)

Letra: Capiba e Camargo Guarnieri

 

WALDEMAR HENRIQUE

Abaluaiê (2’)

Ponto Ritual

Letra: Sobre motivo conhecido em Ilhéus-Bahia

 

HEKEL TAVARES 

Funeral d’um Rei Nagô (2’)

Canto de Alufá

Letra: Murilo Araújo

 

PIETRO MASCAGNI

Intermezzo Cavalleria Rusticana (4’)

 

DOMÍNIO PÚBLICO

Cântico Tradicional de Oyá (2’)

Duração aproximada 60 minutos
Classificação livre para todos os públicos 
Ingresso gratuito

Antes de participar deste concerto, consulte a classificação indicativa e recomendações disponíveis no Manual do Espectador (acesse aqui).

Programa sujeito a alteração